Wednesday, March 23, 2005

Volto já !


Praça do Município em Lisboa- Março 2005


Volto daqui a três semanas.

Até lá!



P.S. Obrigada pela visita!

Sunday, March 20, 2005

Praça do Município

Praça do Município ( do lado da entrada do parque de estacionamento), em Lisboa.


(...)
Ó cidade antiga
e de pintura!
Risonha, velada e longínqua...
Quem te saberá descrever?
De ti dizer
aquelas precisas coisas,
delicadas e sentimentais,
que a todos inspiras ? (...)


IRENE LISBOA -"DEMORO-ME", POESIA I.

Friday, March 18, 2005

O tempo nas portas (2)


Antiga porta do átrio dos Paços do Concelho de Lisboa

Esta porta ( da segunda metade do séculoXIX) encontra-se exposta no interior do edifício dos Paços do Concelho de Lisboa.



Tuesday, March 15, 2005

O tempo nos livros


Livraria FERIN, na Rua Nova do Almada, em Lisboa.


Um livro escreve-se uma vez e outra vez.
Um livro se repete. O mesmo livro.
Sempre. Ou a mesma pergunta. Ou
talvez
o não haver resposta.
Por isso um livro anda à volta sobre si mesmo
um livro o poema a prosa a frase
tensa
a escrita nunca escrita
a que não é senão o ritmo
subterrâneo
o anjo oculto o rio
o demónio azul.

Um livro. Sempre.
Um livro que se escreve e não se escreve
ou se rescreve junto
ao mesmo mar. (...)


MANUEL ALEGRE - UM LIVRO, LIVRO DO PORTUGUÊS ERRANTE.

Sunday, March 13, 2005

Livraria FERIN


Livraria FERIN, na Rua Nova do Almada, ao Chiado, em Lisboa-Março 2005


Há homens que são capazes
de uma flor onde
as flores não nascem.
Outros abrem velhas portas
em velhas casas fechadas há muito.
Outros ainda despedaçam muros
acendem nas praças uma rosa de fogo.
Tu vendes livros quer dizer
entregas a cada homem
teu coração dentro de cada livro.


MANUEL ALEGRE- LIVREIRO DA ESPERANÇA- PRAÇA DA CANÇÃO.

Thursday, March 10, 2005

Jardim São Pedro de Alcântara


Jardim São Pedro de Alcântara, em Lisboa- Março 2005


Amo o espaço e o lugar, e as coisas que não falam.
O estar ali, o ser de certo modo,
o saber-se como é, onde é que está, e como,
o aguardar sem pressa, e atender-nos
da forma necessária.

Serenas em si mesmas, sempre iguais a si próprias,
esperam as coisas que o desespero as busque. (...)


ANTÓNIO GEDEÃO- POEMA DAS COISAS

Monday, March 07, 2005

“Por amor a Lisboa e em nome” do meu umbigo

Hoje, A CAPITAL, publica um artigo, com o título Por amor a Lisboa e em nome do futuro”, retratando a figura do advogado Sá Fernandes.
A propósito da extinção da Feira Popular de Lisboa, Sá Fernandes, defende: «Não faz sentido o desaparecimento deste espaço que pertence às memórias da cidade e é património de Lisboa», chegando admitir que mais uma vez, por amor a Lisboa, vai tomar as rédeas de uma nova acção popular.

Como alfacinha, e principalmente como apaixonada desta cidade, cumpre-me comentar:
1- Será que o advogado Sá Fernandes, nestes últimos 10 anos, frequentou a Feira Popular? Não me parece. Senão, saberia certamente que nesta última década, o existente como "Feira Popular" nada tinha a ver com a memória histórica desta cidade. Desde uma "montanha russa" decrépita, a um carrossel quase em decomposição, passando por uns "carrinhos de choque" cuja segurança do utente deixava muitíssimo a desejar, bem como um "comboio fantasma" que a única utilidade garantida seria causar irreparáveis traumas imaginários a qualquer criança, só por si seria o suficiente para perceber o estado caótico daquele parque de diversões.
2- Quanto ao alegado património, só me apetece perguntar: quem não se lembra daquelas precárias construções, nas quais estavam instalados diversos restaurantes, ultimamente, quase sempre às moscas, para além dos barracões espalhados pela feira cujas condições de higiene e segurança não seriam provavelmente as recomendáveis?
3- E, se tal não fosse bastante, caberia interrogar Sá Fernandes (que se arroga de acérrimo defensor do direito do ambiente) sobre as condições ambientais para funcionamento daquele espaço como parque de diversões no centro da cidade: Será que o cheiro a sardinha assada e demais petiscos que proliferava na feira e arredores estava em consonância com as regras de protecção ambiental? Será que o ruído proveniente daquele parque de diversões seria compatível com uma vida citadina que se quer com a maior qualidade desejável?


Por tudo isto, o “amor a Lisboa” devia ser mais respeitado e não demagogicamente invocado!

Sunday, March 06, 2005

O coreto


Coreto na Praça José Fontana, em Lisboa- Março de 2005.

Hoje, quando cheguei a este coreto com o claro objectivo de fotografá-lo, deparei com um grupo de adolescentes que fizeram daquele lugar um refúgio transitório. Os jovens tinham montado uma espécie de acampamento em redor do coreto perante um líder atento, e todos eles reivindicavam uma atitude de domínio daquele espaço. À primeira denúncia em fotografar fui imediatamente confrontada com olhares pouco acolhedores, o que foi pacificamente ultrapassado com um prévio esclarecimento, tendo, então, sido autorizada a tão desejada fotografia.
Mas se pensarmos um pouco, aqueles jovens são o presente num palco de outros tempos: são adolescentes fazendo-se à descoberta desta vida num espaço citadino que ainda perdura (felizmente!) nesta cidade.
E por falar em passado, este fim de semana reencontrei dois amigos da faculdade que não via há cerca de 15 anos (ambos abraçaram compromissos profissionais a nível internacional). Foi uma sensação de alegria e curiosidade. O que fascina nestes momentos, não é a nostalgia dos tempos passados, mas o redescobrir de pessoas que já fizeram parte da nosso quotidiano e de repente surgem quase como desconhecidas. Mais, um passado a redescobrir num novo tempo...

P.S. Obrigada, ao meu grupo da faculdade pelos momentos que partilhamos juntos.

Thursday, March 03, 2005

O outro lado da rua


Vila Berta, no Bairro da Graça, em Lisboa.


A primeira casa não era ainda a casa:
não chega a ser morada.
Na outra, mais pequena, onde ninguém
perguntava que idade tinha
ou se o verão já passara
ou o cão mordia,
a manhã estava à janela.
Essa era a casa, o sol onde ardia.


EUGÉNIO DE ANDRADE- MORADA, O OUTRO NOME DA TERRA.

Wednesday, March 02, 2005

Vila Berta


Vila Berta, no Bairro da Graça, em Lisboa- Fevereiro 2005


E, contudo, é bonito
O entardecer.
A luz poente cai do céu vazio
Sobre o tecto macio
Da ramagem
E fica derramada em cada folha.
Imóvel, a paisagem
Parece adormecida
Nos olhos de quem olha.
A brisa leva o tempo
Sem destino.
E o rumor citadino
Ondula nos ouvidos
Distraídos
Dos que vão pelas ruas caminhando
Devagar
E como que sonhando,
Sem sonhar...


MIGUEL TORGA- VESPERAL.