Monday, January 31, 2005

Ao Tio Leopoldo

Ao Tio Leopoldo
(1921- 2005)





Mergulho no dia como em mar ou seda
Dia passado comigo e com a casa
Perpassa pelo ar um gesto de asa
Apesar de tanta dor e tanta perda


SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN- DIA, O NOME DAS COISAS.

Thursday, January 27, 2005

2046

Este post sobre o filme 2046 estava quase condenado ao esquecimento não fora uma tarde destas ter ido visitar um casal especial que me deu o mote.
Numa sala cheia de memórias de outros tempos com retratos a aquartelar rostos e muitas verdades, saltou-me aos olhos um quadro imenso fixado numa das paredes.
Confesso que já tinha sido avisada sobre a existência deste surpreendente mapa em que cada círculo desenhado é a outra face da moeda de uma vida de labuta diária conquistada num território imenso que é Angola. Hoje este país é recordado à distância mas outrora foi intensamente vivido paredes meias com gentes de África. Devido ao ofício de operador de cinema o homem da casa viu as portas abertas para os lugares mais recônditos do solo angolano, cuja lembrança não quis ver atraiçoada ao regista-los num simples mapa em círculos .
As muitas centenas de círculos que dão alma àquele pedaço de papel, fizeram-me quase perder a respiração de tanta emoção contagiada pela imagem dos milhares de quilómetros calcorreados e de tantos encontros e desencontros perfilhados numa só pessoa. Nessa mesma tarde atrevi-me a congeminar como seria o mapa geográfico do meu périplo de vida.
O roteiro de uma permanente viagem entre passado e futuro é a essência da trama cinéfila realizada por Wong Kar-wai, em 2046. Este filme consegue convencer-nos que é irrepetível e indissociável a marca de cada “círculo” na cartografia humana.
Será 2046 apenas um número ou será também um círculo?
Vão ver o filme e terão a resposta...

Saturday, January 22, 2005

" Típico café traçado de bar "


PARA AS




VERTIGO CAFÉ- Travessa do Carmo, em Lisboa-Janeiro 2005



(...)
Mas aqui nesta mesa a certas horas
Sentiste por vezes quase como um perfume
O espírito do tempo e o frenesim
Da breve roçagante inigualável vida
Multidão que passava em direcção à noite


MANUEL ALEGRE- CAFÉ DÔME, CHEGAR AQUI.

Thursday, January 20, 2005

Parabéns a Eugénio de Andrade!


Largo da Graça, em Lisboa- Janeiro de 2005


(...)
Ao fim da tarde, o canto
do pequeno pássaro e o vento diziam
a mesma coisa: não deixes o incêndio
do deserto invadir-te o coração.
Sem que tu o suspeites, sequer.


EUGÉNIO DE ANDRADE, POEMA DE INVERNO.

Wednesday, January 19, 2005

ZOOM "FORA DE CAMPO" (2)

Pedro Santana Lopes declarou à imprensa:

(...)
Sou primeiro-ministro para tudo (...).


Contudo
Nada mudou na Justiça e na Educação
Muitos professores ficaram sem ter colocação
Continua muito atabalhoada a actual governação
Os desempregados aumentam entre a população.

Quase tudo
Deixou sem concretizar
Parque Mayer por recuperar
Feira Popular a deambular
Túnel a dar muito que falar
Será que o povo ainda vai acreditar ?


Monday, January 17, 2005

ZOOM "FORA DOS EIXOS" (12)


Rua da Graça, em Lisboa- Janeiro de 2005


Onde está a segurança dos peões?


Diga de sua justiça!

Saturday, January 15, 2005

ZOOM "FORA DE CAMPO" (1)

é uma nova rubrica de opinião, uns gostarão outros não!


Hoje, numa entrevista publicada no Jornal de Notícias, pode ler-se:

(...)
[Jornal de Notícias] Já compreendeu a razão que levou o presidente da República a dissolver o Parlamento?
[Pedro Santana Lopes] Isso talvez seja como a pescada, que antes de ser já o era. Já tinha compreendido antes de compreender. (...)



Este governo é mesmo uma autêntica caldeirada!
Começaram com cherne e acabam a atirar "postas de pescada"!



Thursday, January 13, 2005

Lisboa misteriosa


Teatro São Carlos, em Lisboa- Janeiro 2005


O mistério cintila no mistério.
Dizer e não dizer.
Procurarei o oculto
o meu reino não é para se ver.

Manuel Alegre- DIZER.

Monday, January 10, 2005

ZOOM "FORA DOS EIXOS" (11)


Largo Rodrigues de Freitas, em Lisboa, Janeiro de 2005


Nesta cidade com história
Foi museu da marioneta
A sua recuperação ilusória
Deixou-nos aqui esta treta.


Diga de sua justiça!

Friday, January 07, 2005

O Chiado (2)


Livraria no Chiado, em Lisboa- Janeiro de 2005


(...)
Um livro. Esse buscar
coisa nenhuma.
Ou só o espaço
o grande interminável espaço em branco
por onde corre o sangue a escrita a vida.

Um livro.


Manuel Alegre. UM LIVRO, LIVRO DO PORTUGUÊS ERRANTE.

Monday, January 03, 2005

O Chiado (1)


Loja-Paris em Lisboa- no Chiado, em Janeiro de 2005

(...)
«Vitrine» em que os olhares das mulheres
tomam a forma incerta dum desejo...
De cada montra nascem mil prazeres...
Anda no ar a vibração dum beijo. (...)

Fernanda de Castro- O CHIADO.

Sunday, January 02, 2005

ZOOM "FORA DOS EIXOS" (10)


Largo Rodrigues de Freitas, Lisboa - 2005


Será uma escultura moderna ou um novo tipo de estrutura anti-sísmica?


Digam de sua justiça!