Thursday, July 29, 2004

DÚPLEX

Viver num dúplex até que é uma hipótese agradável, porque cria sempre aquela ideia de um espaço dividido entre a “zona de estar” e a “zona de ser”. A primeira é a área da casa onde nos podemos espreguiçar nos sofás frente ao televisor, receber os nossos amigos, ou mesmo aderir a uma  invasão pela criançada marcada por um acontecimento festivo.
A segunda é a parte da casa onde escondemos as nossas fragilidades, distribuída pelo piso superior do dúplex, e onde normalmente se situa a casa de banho privativa.
Na nossa casa de banho é-nos concedido, sobretudo às mulheres, o inocente pecado de viajar entre cremes e perfumes. Outras vezes há em que o pecado é menos perdoável, quando gozamos de uma regalada “banhoca” ao mesmo tempo que outro habitante da casa, geralmente o homem, desesperadamente faz contas ao tempo. Costumo, mesmo dizer, que a capacidade de bem gerir o uso da casa de banho é um medidor da relação familiar.
Poderá ser empolgante a vida num dúplex, mas há experiências bem diferentes. É o caso da história do filme em exibição, com realização de Danny DeVito, “Duplex”. Os “décors” prendem a atenção dos mais atentos ao “plateau”, mas o sentido de humor negro tem uma valia predominante. O final do filme, então, é mordaz...
Este filme deixa-nos a pensar que até um apartamento de sonho pode trazer problemas...

Tuesday, July 13, 2004

Estilos de vida

Modus vivendi.
Neste debate há sempre uma infinidade de “cabeças” prontas a defender com unhas e dentes um modelo caseiro e atilado, em prejuízo de outro género de vida menos convencional ou comprometido. Nisso, as mulheres são muito mais cautelosas, não aceitando de ânimo leve um modelo que possa diferir muito do delas (qualquer que ele seja), o que se explica por razões de diversa natureza, racional e emocional, não sendo sequer importante o factor que pode pesar mais nessa desconfiança. A vida é isso mesmo, um discernimento de suspeitas e um desacertar de certezas.
O filme, “A Educação de Helen”, em exibição, questiona estilos de vida, onde o “glamour” de uma vida bem sucedida perde terreno para um quotidiano imprevisível em que o afecto é o seu maior aliado.
É um filme que nos faz pensar ...

Saturday, July 03, 2004

Até sempre

Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu ontem, em Lisboa.
A sua poesia está viva. O seu encanto ainda mais. A morte só nos separa. As suas palavras continuam bem perto de nós.

MAR NOVO

AUSÊNCIA


Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua
.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Friday, July 02, 2004

Saber ganhar

Estes dias foram momentos de regozijo para todos os portugueses pelas vitórias somadas por parte da nossa brilhante selecção. No próximo Domingo lá estarei mais uma vez em frente ao televisor a torcer e a sofrer por Portugal. Ganhar é sempre uma recompensa legítima para aqueles que vão à luta, por isso este sabor a vitória é tão bom, mas desculpem lá, começa-se a cair na histeria. Toda a gente, de repente, passou a entender de tácticas futebolísticas. Confere-se o estatuto de “estrela” a um jogador, com a mesma rapidez com que se determina a sua reforma antecipada, dependendo às vezes essa decisão de uma jogada certeira ou de uma infeliz bola à trave. O espírito do futebol foi tão interiorizado que até o nosso governante máximo “passou a bola”...
Enfim, acordamos, vivemos e adormecemos a falar da nossa selecção, porque nos traz felicidade, o que talvez até não seja mau de todo, mas não é certamente solução com futuro, porque o campeonato europeu termina já no próximo domingo.
Para a semana está de volta o país real. Lembrem-se disso!